Há alturas na vida que o universo desaba sobre as nossas cabeças. Tudo o que acreditamos, tudo o que desejamos, de repente transforma-se em monstros que nos invadem a alma e nos matam, como espadas cravadas nos nossos sonhos, que espalham em mil pedaços o nosso amor-próprio. A incompreensão das coisas destrói-nos. Não compreendermos os outros, porque os outros não nos compreendem, arruína o nosso ser, afoga-nos num mar de dúvidas e de decepção. Decepcionamo-nos connosco próprios, pois decepcionamo-nos com aqueles que não conseguimos compreender, que são aqueles de quem mais gostamos. A culpa (sim. Aqui há culpa) é nossa. Depositamos demasiada confiança nas pessoas que não podem, não querem, não são obrigadas a satisfazer as nossas expectativas, que, de tão belas que são, levam-nos para um universo de sonho, de levitação de espírito, que, quando defraudado, desaba nas nossas cabeças.
Assim me sinto eu. Sinto-me destruído, pois esperei demais. Coloquei esperanças de ti. Tu sempre as recusaste. Hoje sei que tinhas razão. Nunca serás minha. Nunca me desejarás.
Porém, destruído e despejado de qualquer respeito por mim próprio, sinto-me orgulhoso e afortunado, só porque te amo. Antes destruído de amor por ti do que nunca te ter amado.